Princípio MAYA: Mais avançado, porém aceitável

O Princípio MAYA: Mais avançado, porém aceitável

MAYA é um acrónimo que significa: Most Advanced, Yet Acceptable. Podemos traduzir por: Mais avançado, porém aceitável.

O que este principio estabelece é sempre devemos procurar o design mais avançado possível, contudo, o design escolhido deve permanecer aceitável a quem o vai utilizar.

Este principio correlaciona o design com as expectativas e educação do utilizador. É daqui que advém a diferença de design de peças para uso comum e peças para uso especializado. O especialista espera que a ferramenta faça coisas que uma pessoa comum nem sabe que são necessárias.

Para um produto novo no mercado, a educação e o preconceito dos potenciais utilizadores pode minar o design do produto.

Patins em linha

Quando os patins foram inventados por volta de 1760 eram formados por duas rodas em linha. Isto causou comoção no público que achou muito díficil de equilibrar apenas em 2 rodas. Isto levou à invenção do patim com 4 rodas - muito popular até aos anos 1990 (230 anos depois da invenção original). Conforme esse objeto começou a ser mais usado - patinagem artisitica, hoquei em patins, etc. - os utilizadores ansiavam por um melhor design. Mas o melhor design já tinha sido alcançado. O problema foi a aceitação. Hoje, os patins modernos são em linha. O número de rodas varia entre 2 e 4 dependendo da finalidade do patim.

O seu produto pode ser muito sofisticado e à frente do seu tempo, mas se for demasiado à frente os utilizadores vão achá-lo estranho em vez de sofisiticado. O utilizador vai então rejeitá-lo ou pedir uma versão mais "acomodada" que ele possa aceitar utilizar.

Você como inventor de algo sofisticado por pensar que tudo seria resolvido se ensinasse as pessoas a usar o seu modelo mais sofisiticado. Isto simplesmente não funciona no tempo necessário. Educar as pessoas é demorado e caro. A solução é fasear o produto.

Modelos do Produto

Quando o produto é demasiado sufisticado para ser aceite, hà que criar versões mais aceitáveis - e portanto menos otimizadas - do produto. Então é criado um modelo primeiro que visa introduzir o conceito base ao utilizador. A forma de uso é crua e visa aumentar a propabilidade do usuário experimentar o produto. Este primeiro modelo têm que ser compreensivel dentro daquilo que o usuário sabe de outros produtos anteriores- mesmo que em outras categorias.

O primeiro modelo é vendido durante algum tempo até que comece a haver demanda de evolução. Nesse ponto um novo modelo - mais caro - é introduzido. Este produto retira algumas "muletas" cognitivas e o seu design é orientado a quem já usa o modelo original, e gosta. Este processo continua e se repete até que o modelo mais sofisticado passa a ser aceite.

O tempo que este ciclo de evolução toma, não é certo. Podem ser algumas semanas até alguns séculos. Tudo depende da utilizade do produto e o número de pessoas que o usam. Produtos usamos por mais pessoas tendem a evoluir mais depressa já que a pressão por inivação é maior.

Muitas vezes pensamos "porque eles não começaram vendendo isto?". A resposta do Princípio MAYA é: "porque não podiam, as pessoas não iam entender". O quando o vendedor sabe de antemão sobre a versão mais sofisiticada não é claro e é normalmente segredo industrial.

Comercialmente é muito vantajoso vender o mesmo produto várias vezes. Normalmente achamos que isso é um truque das empresas para ganaharem dinheiro. O que o Princípio MAYA afirma é que pode ser uma necessidade. Tentar vender o mais sofisticado não é sempre o melhor caminho. Tem que haver uma equilibrio entre ser novidade, mas ainda ser familiar.

Existe uma forma de influir no Princípio MAYA pela educação, mas não é a forma iterativa. Você vende o modelo básico, mas faz o utilizador sonhar com o mais sofisticado. Assim, quando o mais sofisticado se tornar tecnicamente possivel, ninguem vai achar estranho.

Existem várias formas de conseguir isso. Anúnicos eram muito utiliados para criar esta sensação de "você já conhece e quer", mas obras de ficção cientifica também poder utilizadas. Às vezes, sem querer.

iPad no Star Trek

Na década de 1990 o seriado Star Trek foi refeito. A versão dos anos 1960 estava desatualizada tecnologicamente. Então um novo seriado foi proposto. Contudo, na versão dos anos 1960 todos os comupadores eram sinónimo de várias luzes piscando o que consomia muita energia e, portanto, tornava a produção cara. Então foi sugerido usar "paneis de toque". A interface do computador seria apenas um painel pintado e ator simplemente pressionaria os botões pintados fingindo as consequencias. Para cenas mais próximas, CGI seria usado para dar vida aos paineis. Foi um sucesso. Esta ideia foi levada para os "livros" que a tripulação usava. Desde da escola das crianças até ao "pad pessoal" do capitão. Tudo leve, fino e sensivel ao toque. Menos de 20 anos depois, tinhamos celulares , tablets e e-books, que funcionam exatamente da forma caracterizada na TV. Hoje, essa tecnologia não parece sofisticada, porque nos habituámos a pensar nela, antes dela ser possível.

O Princípio MAYA se origina no design industrial, mas pode ser aplicado a qualquer tipo de design, e em particular ao design de software. Pensar que Orientação a Objetos era muito estranho nos anos 1960 e hoje é comum e corriqueiro. Pensar que ha 20 anos era sofisticado falar de Deisgn Patterns e hoje fazem parte da vida do dia a dia. Pensar que até ha pouco tempo no mundo dos Micro Serviços sugirir uma aquitetura de Monolito Modular era herezia.

O Princípio MAYA não implica que devemos nos contentar com o anquado e aborrecido, mas que devemos dosear as expectativas como designers conforme a capacidade do utulizador compreender e utilizar o nosso design. E ele não entender, cabe a nós "estupificar" o design até que ele entenda. Pelo menos, para uma primeira versão.

Origem Histórica

O Princípio MAYA foi idealizado e, 1951 por Raymond Loewy, considerado por muitos o pai do design industrial. Ele resumiu o princípio assim:

O gosto do público adulto não está necessariamente preparado para aceitar a solução lógica para as suas demandas se a solução implicar um vasto afastamento daquilo que eles têm vindo a considerar como a normal aceitável.

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